O arrocho nos salários deu o tom nas negociações de acordos e convenções coletivas no primeiro semestre de 2017. Balanço de 300 negociações de reajustes salariais, realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioseconômicos (Dieese) demonstra que 60% dos reajustes resultaram em aumentos reais, 30% tiveram reajustes em valor igual à inflação e 10% registraram perdas salariais, tomando-se por referência a variação do INPC-IBGE1 em cada data-base.
A maior concentração de ganhos reais ficou na faixa até 0,5%, ou exatamente 107 acordos. Logo a seguir vieram os reajustes exatamente no mesmo percentual do INPC (91 acordos). Apenas 5 acordos obtiveram ganho real acima de 2%. Apesar dos baixos índices, os reajustes voltaram a ser positivos (0,32%), se comparados ao resultado negativo de 2016.
Reajustes salariais por setores econômicos
O maior percentual de reajustes acima da inflação entre os setores econômicos foi observado nos serviços, setor em que cerca de 68% de reajustes resultaram em ganhos Praticamente 10% das negociações tiveram reajuste abaixo da inflação e em 22% o reajuste foi em valor igual à inflação.
Cerca de 58% dos reajustes do Comércio resultaram em ganhos reais, 37% das negociações registraram reajustes com valor igual à inflação e praticamente 5% das negociações tiveram perda, a menor proporção entre os setores.
Na Indústria, pouco mais de 51% dos reajustes ficaram acima da inflação, cerca de 37% foram iguais à inflação e 12% das negociações não repuseram as perdas inflacionárias.
O Dieese informa que, após dois anos consecutivos de piora, os dados apontam aumento da proporção de reajustes acima da inflação e redução dos reajustes que ficaram abaixo. Contudo, o aumento real médio foi de apenas 0,32%, o que se explica pela concentração de reajustes próximos à inflação.
Como analisado nos balanços de reajustes salariais anteriores, entre 2006 e 2014 as proporções de reajustes acima da inflação se mantiveram em patamares altos, variando entre 80% e 90%. Com o aprofundamento da crise e aumento das taxas inflacionárias, os reajustes acima da inflação tiveram forte queda em 2015 e 2016, ano em que os reajustes com aumentos reais corresponderam a apenas 19% do total.
Os dados mostram que na primeira metade de 2017 houve uma ligeira recuperação das negociações com ganhos reais, favorecidas pelos baixos índices de inflação registrados no período.
O Departamento Intersindical diz ainda que “as baixas taxas de inflação contribuíram para os melhores resultados das negociações do primeiro semestre de 2017. Porém, ainda devem ser considerados obstáculos para a conquista de reajustes maiores a lenta recuperação econômica demonstrada pela estagnação do PIB no primeiro semestre, a alta taxa de desemprego e o crescimento das ocupações precárias (assalariamento sem carteira e trabalho autônomo)”.