Belo Horizonte, .
 
 
 

 


CENSURA

.: IMPRENSA APREENSIVA COM A
NOVA MORDAÇA DA CENSURA

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As primeiras entrevistas de Bolsonaro aos meios de comunicação de massa mantiveram o mesmo tom agressivo de campanha, não amenizado para juntar os cacos de um País dividido nas urnas.

Além da habitual metralhadora giratória contra os adversários diretos na disputa eleitoral, o capitão decidiu bater de frente com a imprensa, avisando que irá privilegiar os meios de comunicação que falem a "verdade" e antecipando que jornal como a "Folha de São Paulo" não terá nenhuma publicidade do Governo Federal.

O eleito começou a linha de privilégios com uma longa entrevista à Rede Record (33 minutos), do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal. Em seguida falou ao SBT (8 minutos), Globo (12) e gravou para a Bande (28) e Rede TV (7). Bolsonaro agradeceu o "jornalismo isento" da Record. Avisou que pretende "privatizar ou extinguir" a TV Brasil, reclamando que o canal público consome R$ 1 bilhão anualmente, pertencente à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), criado em 2007, durante o Governo Lula.

No Jornal Nacional, William Bonner indagou se Bolsonaro defenderia “a liberdade da imprensa e a liberdade do cidadão de escolher o quiser ler, ver e ouvir”. A resposta foi “favorável”, mas deu o recado: "Não quero que ela [a Folha de S. Paulo] acabe, mas no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do Governo Federal".

A postura de exigir da imprensa om posicionamento único é uma das marcas da ditadura, de não permitir reportagens críticas ou de quaisquer contestações a atos de governo. A exigência seria ainda mais absurda diante de um resultado eleitoral conquistado com notícias falsas através das redes sociais e denúncia de investimentos vultosos em empresa para viralização de “fake news”, lembrando que praticamente toda a campanha do candidato vitorioso nas eleições foi realizada pela internet. A mordaça na imprensa contrariaria o próprio instrumento utilizado de notícias divulgadas sem qualquer ética ou cumprimento de legislação a que o jornalismo sério está submetido, inclusive podendo ser penalizado em processos de calúnia e difamação.

A liberdade de imprensa será o exercício da democracia, do acompanhamento de todos os atos dos poderes constituídos do Estado, em cumprimento de preceitos constitucionais e do “estado de direito”.

 

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