Ao entregar sua proposta de reforma da Previdência no Congresso, Bolsonaro afirmou que “errou” quando se posicionou contrariamente ainda na condição de deputado federal. Na época, o então deputado fez discursos inflamáveis de que “exigir uma aposentadoria” aos 65 anos para um nordestino seria um crime, que tem uma expectativa de vida muito baixa em relação aos estados mais desenvolvidos.
Já na condição de presidente, um posicionamento reconhecido hoje como uma “mentira” para ganhar votos dos mais pobres, foi reduzido apenas a “erro” e Bolsonaro pede apoio para aprovar o seu projeto de reforma previdenciária, que corta direitos e praticamente reduz a zero a perspectiva de um trabalhador da iniciativa privada se aposentar. Agora, o eleito afirma que, se “tivesse o conhecimento de hoje sobre a situação da Previdência, teria avalizado mudanças na aposentadoria”. Curiosamente, ele nada fala a respeito das condições do nordestino, que certamente pioraram para chegar à aposentadoria, diante da terrível situação de desemprego e uma vida cada dia mais sofrida.
Além de se mostrar contrário à reforma quando era deputado, Bolsonaro afirmou na campanha eleitoral do ano passado que o desequilíbrio nas contas públicas não tinha qualquer relação com previdência. Chegou a dizer, ainda, que jamais atuaria para levar "miséria" aos aposentados por exigência do mercado financeiro.